(G1/MT)
Mato Grosso tem a maior taxa de tráfico de entorpecentes por habitante do país, segundo dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Em 2015, o estado registrou 201,6 casos por 100 mil habitantes, enquanto que a taxa média do país é de 80,2. Os números foram divulgados no 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
O levantamento aponta que ocorreram 6.582 ocorrências de tráfico em 2015 em Mato Grosso. Em comparação ao ano de 2014, quando foram contabilizados 5.763 casos, houve um aumento de 14% nos números.
O estudo também mostra que foram registradas 6.582 ocorrências de posse e uso de droga em 2015 no estado. A taxa também é alta e supera a taxa média do país: 201,6.
Para o sociólogo Naldson Ramos da Costa, os dados mostram uma precarização da fiscalização na fronteira de Mato Grosso com a Bolívia. A extensão da fronteiriça entre Mato Grosso dificulta o combate. Dos 983 quilômetros, 750 quilômetros são de área seca e outros 233 alagados.
“Não tem como fazer a fiscalização em todas as estradas e vias de acesso. Existem barreiras policiais, mas com apenas três a quatro militares por destacamento. É precária a fiscalização e as condições de trabalho na fronteira”, avaliou o sociólogo em entrevista ao G1.
Naldson é membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos da Violência e Cidadania (Nievci) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
“No caso do tráfico de droga por meio de aviões, as drogas são arremessadas em fazendas ou perto de rodovias. Eles [traficantes] dividem as drogas [entre eles], para o caso de que se um for preso, não vão apreender toda a [carga] de droga. O que é apreendido chega a um terço. O restante vai para outras regiões do país”, comentou o sociólogo.
Naldson também lembra a dificuldade de se fiscalizar as 'cabriteiras', que são estradas de difícil acesso que são usadas em propriedades rurais.
Tráfico
O tráfico de drogas ocorre na fronteira por meio fluvial, terrestre e aéreo. Automóveis, ônibus de linha regular, veículos de cargas, motocicletas, bicicletas e pessoas, as chamadas 'mulas', são usadas para transportar as drogas. Os tipos de drogas apreendidas entre o Brasil e a Bolívia são pasta base, cocaína e maconha.
O Grupo Especial de Segurança na Fronteira (Gefron) aprendeu no ano passado quase duas toneladas de drogas. Entre janeiro e dezembro de 2015 foram apreendidos 1.770 quilos – o maior montante desde 2011, quando as apreensões somaram 165,3 quilos.