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A Banda podre do esporte

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(RDNEWS)

Todo ano é a mesma coisa. As inscrições para a Corrida de Reis esgotam num piscar de olhos. São quinze mil vagas preenchidas em menos de uma hora. Tão certo quanto a rapidez com que irão acabar é a chuva de reclamações que virão logo em seguida. Muitos que ficam de fora reclamam de uma realidade: quase metade dos que se inscrevem não comparecem ao evento. O motivo? É de graça. 

“Primeiro eu me inscrevo, depois decido se vou”. Sim, tem gente que tem a cara de pau de fazer tal afirmação. Outros são um pouco mais discretos, só um pouco mais. Pois tem coragem de vender a inscrição que fizeram de graça a alguém que não conseguiu se inscrever. Muita gente culpa a organização. Acreditam que deveria ter um valor simbólico e que isso inibiria tais práticas. Minha opinião? O povo é que tem de evoluir e ser mais educado.

O drama da Corrida de Reis é só mais uma mostra de que como em todos os seguimentos, o esporte possui uma banda podre. Até porque não é exclusividade de uma área de interesse e sim próprio da personalidade humana expressa em comportamento. Marido que corre com o chip da esposa para ela ganhar troféu. Gente que compra índice de maratona pagando outro para correr em seu lugar. Atletas que se inscrevem com o ano de nascimento alterado para pagar meia inscrição e por aí vai.

Quer ver outro tema polêmico que me assusta? Correr de pipoca. Para quem não sabe o que é isso, correr na pipoca é participar da corrida sem estar devidamente inscrito. Uma pessoa que não tem a menor noção de gestão de evento pode até achar que tal gesto seja inofensivo.

Mais a cada dia os atletas estão mais informados e muitos insistem em fazer isso mesmo assim. Tomam a água de quem se inscreveu, tumultuam a cronometragem, querem medalha, acarretam problemas para a segurança e estão num volume tão grande de adeptos que causam falhas no planejamento de diversas provas. Batem no peito com orgulho dizendo que estão correndo na pipoca e ainda reclamam da organização.

Eu nunca vi alguém querer levar uma calça jeans da loja de graça e ainda reclamar que veio descosturada. Nunca vi alguém entrar num show pela porta dos fundos e reclamar que o som estava péssimo. Mas na corrida este tipo de absurdo pode.

Precisamos evoluir. Não quer pagar para ir a corrida, não vá. Não sabe se vai correr, não desperdice porque é de graça. Não está tão treinado não peça a outro para te ganhar um troféu. No esporte, na vida e dentro da nossa cabeça a conduta moral deve ser a mesma. O seu direito termina onde começa o do outro.

Maria Rita Ferreira Uemura é jornalista, empresária, diretora da empresa de eventos de aventura ULTRAMACHO e escreve exclusivamente toda quinta-feira neste Blog (www.ULTRAMACHO.com.br) – e-mail: [email protected]

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