Karine Gomes, única representante feminina de Mato Grosso, embarca com recursos próprios e apoio de outros estados para o campeonato mundial em 2025
A atleta Karine Gomes será a única representante feminina de Mato Grosso a integrar a seleção brasileira de basquete master no Campeonato Mundial da modalidade, que será realizado na Suíça, em junho de 2025. Com uma trajetória marcada pelo comprometimento com o esporte, Karine representa o estado desde os 13 anos de idade.
Além da atuação como jogadora, sua história no basquete inclui passagens por equipes de São Paulo e do Rio de Janeiro, bem como o exercício de cargos de liderança esportiva. Por três vezes consecutivas, foi eleita por entidades esportivas do estado para compor listas tríplices e ocupar o cargo de secretária estadual e municipal de Esporte — em disputas que incluíram outros presidentes de federações com forte atuação.
Trajetória internacional e incentivo ao esporte feminino
Karine já integrou a delegação brasileira no Campeonato Mundial de Mar del Plata, na Argentina, em 2023, e no Pan-Americano em Mérida, no México, em 2024. Nessas ocasiões, ela contribuiu para revitalizar o interesse de outras atletas que haviam se afastado das competições. Também tem se dedicado à organização das delegações femininas estaduais, além de atuar em debates jurídicos, legislações e regras da modalidade.
Com forte atuação nos bastidores e como inspiração para jovens e veteranas, Karine se tornou referência ao apoiar projetos sociais e incentivar o esporte como ferramenta de transformação. Seu retorno de eventos internacionais costuma vir acompanhado de entusiasmo renovado, com reflexos positivos nas categorias de base e no esporte master.
Desafios enfrentados por mulheres no esporte
A atleta destaca que muitas mulheres enfrentam dificuldades para manter-se no esporte devido à sobrecarga com responsabilidades familiares e à escassez de apoio institucional. Segundo Karine, essas barreiras são ainda mais evidentes em modalidades periféricas, voltadas a públicos de baixa renda.
“Ser atleta exige disciplina física e mental. As crianças e mulheres em situação de vulnerabilidade são minha maior motivação para continuar nas quadras. Não existe idade para desistir daquilo que nos faz bem”, afirma.
Karine ressalta que quem não passou pela experiência esportiva tem dificuldade em compreender a importância do esporte não apenas como ferramenta de rendimento, mas também como atividade lúdica, de lazer e de integração social.
Reconhecimento institucional e desafios estruturais
A atleta elogia o trabalho do presidente da Associação de Master de Basquete do Brasil (Ambm), Augusto Werner, e do presidente da Federação de Basquete de Mato Grosso, Jeferson Prado, mas faz um alerta: “O apoio às entidades é necessário. Eles lutam bravamente e contam com o suporte da Márcia, que atua nos bastidores e é peça fundamental na administração dos eventos”.
Karine recorda ainda as diversas lesões acumuladas ao longo da carreira — dedos e nariz quebrados, tendinites e outras marcas — como símbolos do amor ao esporte e da dedicação em representar sua escola, município, estado e país.
Esporte como política pública de saúde e bem-estar
Com participação viabilizada por custeio próprio e apoio de outros estados, Karine embarcará para mais uma missão com a seleção brasileira master. Em sua visão, o esporte é uma resposta eficaz a questões de saúde física e mental, especialmente em um cenário de aumento de quadros de depressão, ansiedade e pânico.
“O estímulo à prática esportiva entre servidores públicos tem mostrado impacto direto na melhora da eficiência e na redução de afastamentos. Não à toa, o próprio Tribunal de Contas do Estado realiza sua Olimpíada dos Servidores e reconhece o esporte como ferramenta de promoção da saúde”, aponta.
Referência no esporte mato-grossense
Karine Gomes acumula títulos, prêmios, ações voluntárias e participações em debates relevantes para o desenvolvimento esportivo. É filha do professor Luiz Antônio Gomes, o reconhecido “Tonteta”, pioneiro na expansão do basquete em Mato Grosso antes da divisão territorial do estado. Sua mãe, Waleska Gomes e Gomes, atualmente acompanha os netos nas quadras — e a própria filha, ainda em plena atividade.
Por fim, Karine deixa um apelo: que mais gestores públicos compreendam o valor do esporte na vida das crianças e na sua continuidade durante a vida adulta. “Trata-se de política pública de saúde, segurança, lazer e assistência social. É preciso que isso seja visto com a seriedade que merece, como já ocorre em outros estados e países”.
