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Cinco dias após título, Nico Rosberg surpreende e anuncia aposentadoria

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Menos de uma semana após conquistar pela primeira vez o título mundial da Fórmula 1, Nico Rosberg surpreendeu o mundo do automobilismo nesta sexta-feira ao anunciar sua aposentadoria da categoria, aos 31 anos. O inesperado anúncio aconteceu em entrevista coletiva durante a premiação da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) em Viena, na Áustria, onde o alemão da Mercedes receberá a taça pela conquista da temporada 2016.

– Para mim é um dia muito especial receber o troféu. Esta noite será incrível, mas por outra razão. Quero aproveitar a oportunidade para anunciar o fim da minha carreira na F1 – revelou.

É a segunda vez na história da Fórmula 1 que um piloto se aposentou da categoria logo após conquistar seu primeiro título. O outro foi o britânico  Mike Hawthorn, campeão de 1958. O último que deixou as pistas após ser campeão foi o francês Alain Prost, dono de quatro títulos (1985, 1986, 1989 e 1993).

O bombástico anúncio de Rosberg reaquece o mercado da F1 para 2017 ao abrir a “vaga dos sonhos”, na Mercedes. Havia somente três cockpits disponíveis até então, dois na Manor e u na Sauber. Pascal Wehrlein (Manor) e Valtteri Bottas (Williams) são os mais cotados para a cobiçadíssima vaga na melhor equipe do grid nas últimas três temporadas. A reviravolta pode ajudar também Felipe Nasr a conseguir uma vaga em uma equipe melhor na F1.

Rosberg garantiu a taça no GP de Abu Dhabi no último domingo, dia 26 de novembro. Em julho deste ano, o piloto alemão havia renovado seu contrato com a equipe Mercedes até o fim de 2018. No entanto, ele explicou que alcançar seu sonho de vida, ser campeão, nesta temporada foi um dos principais fatores que o fizeram se retirar das pistas precocemente.

– É difícil explicar. Desde que eu comecei, quando tinha seis anos, eu tinha um sonho muito claro, e este sonho era ser campeão mundial de F1. Agora, atingi isso. Eu coloquei tudo que tinha nisso durante 25 anos nas corridas. E com a ajuda de todos ao meu redor, meus fãs, minha equipe, minha família e meus amigos, eu consegui alcançá-lo este ano. Foi uma experiência incrível para mim, que lembrarei para sempre. Ao mesmo tempo, foi um período muito difícil. Perder para Lewis Hamilton nos dois últimos anos foi extremamente difícil para mim. Isso deu um combustível em minha motivação de um modo que eu sequer sabia que seria possível reagir para alcançar, enfim, meu sonho – explicou Nico.

Nico Rosberg celebra título em Abu Dhabi (Foto: AFP)
Nico Rosberg celebra título com a equipe Mercedes e a esposa Vivian Sibold em Abu Dhabi (Foto: AFP)

Em um post em suas redes sociais, Rosberg revelou que tomou a decisão na noite da última segunda-feira, um dia depois de se tornar campeão mundial. Ele conta que comunicou sua ideia primeiramente à esposa Vivian Sibold, com quem tem uma filha de um ano, e a Toto Wolff, chefe da equipe Mercedes.

– Escalei minha montanha e estou no topo. Sinto-me bem agora. Meu maior sentimento no momento é de gratidão àqueles que sempre me apoiaram para que esse sonho se tornasse realidade. Na manhã de domingo, em Abu Dhabi, eu sabia que aquela poderia ser minha última corrida na F1, e aquele pensamento deixou meus pensamentos mais claros. Eu queria aproveitar toda aquela experiência, já que sabia que poderia ser a última… E aí as luzes vermelhas apagaram e eu tive as 55 voltas mais intensas de toda a minha vida. Tomei a decisão na noite de segunda. Depois de refletir durante todo o dia, as primeiras pessoas que falei foram Viviam, Georg (Nolte, da equipe de Nico) e Toto – revelou.

Nico Rosberg com o chefe da Mercedes, Toto Wolff, na cerimônia da FIA (Foto: Reuters)
Nico Rosberg com o chefe da Mercedes, Toto Wolff, na cerimônia da FIA (Foto: Reuters)

Filho do também campeão Keke Rosberg, Nico nasceu em 1985 na cidade alemã de Wiesbaden. Ele estreou na F1 em 2006 pela Williams, equipe que defendeu até 2009. Em 2010, mudou-se para a Mercedes, apostando no projeto da montadora alemã de retornar à categoria como equipe própria. Desbancando o badalado companheiro de equipe Michael Schumacher com frequência, alcançou a primeira vitória do time e sua primeira na carreira em 2010. A partir de 2013, teve a forte concorrência de Lewis Hamilton. Em 2014 e 2015, com a escuderia assumindo o papel de soberana na F1, acabou vendo o britânico levar a melhor e ficar com os títulos, enquanto foi vice nas duas ocasiões. Em 2016, porém, reagiu e alcançou a conquista inédita. Em 11 temporadas, disputou 206 GPs e somou 23 vitórias, 30 poles, 20 voltas mais rápidas e 57 pódios. 

Confira o post completo:

” Há 25 anos disputando corridas, meu sonho, meu maior desejo, sempre foi ser campeão de Fórmula 1. Através de trabalho duro, dor e sacrifícios, isso tem sido meu objetivo. E agora eu consegui! Escalei minha montanha e estou no topo. Sinto-me bem agora. Meu maior sentimento no momento é de gratidão àqueles que sempre me apoiaram para que esse sonho se tornasse realidade.

Essa temporada, eu lhes digo, foi muito complicada. Eu dei o meu máximo em cada pequeno detalhe depois das frustrações dos últimos dois anos; estes momentos serviram de combustível para aumentar minha motivação em níveis que jamais havia experimentado. E claro que isso acabou impactando aqueles que amo. Foi um sacrifício familiar, deixando tudo para trás em detrimento de um único objetivo. Eu não consigo achar palavras suficientes para agradecer minha esposa Vivian; ela tem sido incrível. Ela entendeu que este era “o ano”, nossa oportunidade real, e criou um ambiente para que eu me recuperasse após cada corrida, cuidando da nossa filha todas as noites, e assumindo as rédeas de tudo quando a situação apertava, colocando nosso campeonato à frente.

Quando venci em Suzuka, momento em que o título ficou nas minhas mãos, uma pressão gigante, eu comecei a pensar em encerrar minha carreira se fosse campeão. Na manhã de domingo, em Abu Dhabi, eu sabia que aquela poderia ser minha última corrida na F1, e aquele pensamento deixou meus pensamentos mais claros. Eu queria aproveitar toda aquela experiência, já que sabia que poderia ser a última… E aí as luzes vermelhas apagaram e eu tive as 55 voltas mais intensas de toda a minha vida. Tomei a decisão na noite de segunda. Depois de refletir durante todo o dia, as primeiras pessoas que falei foram Viviam, Georg (Nolte, da equipe de Nico) e Toto.

A única coisa que tornou minha decisão difícil foi o fato de colocar meu time em uma situação complicada. Mas o Toto entendeu. Ele sabia de cara que eu estava completamente certo da minha decisão. Minha maior conquista no automobilismo sempre será ter vencido um Campeonato Mundial com este time de pessoas incríveis, o time das Flechas de Prata.

Agora estou aqui para aproveitar o momento. Agora é hora para curtir as próximas semanas, pensar na temporada que passou e aproveitar cada experiência que aparecer pelo caminho. Depois disso, eu vou virara a próxima esquina da vida e ver o que está disponível para mim…”

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