Casal de empresários teria pago R$ 200 mil para execução; crime começou a ser planejado em abril, segundo a polícia
O policial militar Heron Teixeira Pena Vieira e seu caseiro, Alex Roberto de Queiroz Silva, foram indiciados na sexta-feira (9) por homicídio duplamente qualificado no caso do assassinato do advogado Renato Nery, executado a tiros em julho de 2023, em Cuiabá. De acordo com a Polícia Civil, Heron confessou que foi contratado para matar Renato e, segundo a polícia, teria recebido R$ 200 mil para organizar e executar o crime.
O valor, segundo a investigação, teria sido pago pelos empresários Julinere Goulart Bastos e César Jorge Sechi, apontados como os mandantes.
Heron começou a planejar a ação ainda em abril de 2023, quando alugou uma chácara usada como base para o crime. Seu caseiro, Alex, foi o executor — ele aparece em imagens de câmeras de segurança fugindo de motocicleta após atirar contra Renato na porta do escritório, na Avenida Fernando Corrêa da Costa.
Com esses novos indiciamentos, o número de pessoas presas chega a dez. Embora o inquérito principal tenha sido concluído, a polícia segue com uma investigação complementar para apurar a possível participação de outros envolvidos.

Renato temia perder terras
Segundo relatos de pessoas próximas, Renato Nery não temia ser morto, mas sim perder as terras que estavam em disputa judicial. Ele tentava transferir parte das propriedades para o nome das filhas, numa tentativa de protegê-las diante das ameaças que vinha recebendo.
Renato foi baleado na manhã de 6 de julho de 2023, ao chegar ao escritório onde trabalhava, em Cuiabá. Foi socorrido com vida, passou por cirurgia, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.

Empresários são suspeitos de serem os mandantes
Os empresários Julinere Bastos e César Sechi, moradores de Primavera do Leste, foram presos temporariamente também na sexta-feira (9), na terceira fase da operação que investiga o caso. Ambos já haviam sido alvo de buscas em novembro e vinham cumprindo medidas cautelares, como uso de tornozeleira eletrônica. A Polícia Civil sustenta que eles encomendaram a morte do advogado por conta de um litígio envolvendo terras de alto valor.
PMs envolvidos em encobrimento
Além de Heron, outros três policiais militares estão presos por participação direta no assassinato. Dois ex-integrantes da Rotam são investigados por fornecer a arma usada no crime. A munição encontrada no corpo de Renato pertencia à corporação, e a polícia apura como esse material chegou aos autores.
Outros quatro policiais foram indiciados por fraude processual, tentativa de homicídio e porte ilegal de arma. Eles são suspeitos de simular um confronto armado para tentar desviar o foco da investigação.
Apurações continuam
Apesar de o inquérito principal ter sido finalizado, a Delegacia de Homicídios segue com diligências para esclarecer o envolvimento de outros possíveis mandantes, intermediários e financiadores. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MT), da qual Renato foi presidente, acompanha de perto a apuração e cobra punição exemplar aos envolvidos.