Argino Bedin, empresário do agronegócio da região de Sorriso, a 420 km de Cuiabá, suspeito de financiar os atos antidemocráticos, decidiu não responder aos questionamentos dos parlamentares na CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), nesta terça-feira (3). Ele usou o recurso do STF (Supremo Tribunal Federal) para ficar em silêncio.
A CPMI investiga os ataques às sedes dos Três Poderes, no dia 8 de janeiro deste ano, por manifestantes que não aceitaram o resultado da eleição presidencial. Senadores e deputados perguntaram sobre o envolvimento nos atos golpistas, mas o empresário preferiu dizer que exerceria seu direito de ficar calado.
O empresário teve a oportunidade de prestar esclarecimentos por 15 minutos, mas ele preferiu não usar o tempo. Ele foi convocado na condição de testemunha.
Argino Bedin foi apontado pelo relatório da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) como um dos responsáveis de financiar os bloqueios nas rodovias de Mato Grosso, além dele e familiares serem donos de 15 ônibus que levaram pessoas para Brasília.
A deputada Jandira Feghali (PCdoB) lembrou que vários familiares do empresário também foram citados pela Abin por envolvimento nos atos, além dele e outras três pessoas de sua família terem as contas bloqueadas pelo STF.
Na oposição, o Delegado Ramagem (PL-RJ) disse que a responsabilidade sobre os atos de 8 de janeiro deveria ser do ministro da Justiça Flávio Dino. Acompanhe a sessão:
Direito de ficar calado
O ministro do STF, Dias Toffoli, concedeu habeas corpus parcial a Argino Bedin, após pedido da defesa, na noite dessa segunda-feira (2). Com a decisão, o empresário tinha que comparecer na Comissão, mas poderia ficar em silêncio para não se incriminar.
Empresário do Agro
O empresário Argino Bedin nasceu no Rio Grande do Sul, porém foi criado no Paraná. No ano, de 1979 ele chegou em Sorriso para trabalhar com o pai em uma área de 70 hectares.
Até 2015, Bedin e a família somavam cerca de 15,5 mil há de terras cultivadas. Atualmente, ele tem o registro de nove empresas.