Mais uma família recebeu uma ótima notícia da Justiça brasileira.
Nos últimos meses, este já é o terceiro salvo-conduto para o plantio de cannabis para uso terapêutico.
Em todos os três casos, são casais com filhos – ainda crianças – que apresentam problemas de saúde e usam o extrato produzido a partir da maconha para aliviar convulsões e outros sintomas.
Clárian, 12 anos, foi diagnosticada com a síndrome de síndrome de Dravet. A rara doença faz com que a criança registe múltiplas convulsões por dia, com duração variável – de 1 minuto até várias horas. O acompanhamento de um paciente com a doença é permanente e para toda a vida.
A mãe de Clárian, Maria Aparecida Carvalho, a Cidinha, encontrou uma alternativa no canabidiol, substância presente na maconha. Com o uso do canabidiol, as crises de Clárian diminuíram de uma média de 16 para duas por mês, contou ela ao Estado de S. Paulo.
Cidinha usou o Facebook nesta quarta (21) para comemorar a decisão legal que a protege de ser detida pelo plantio de maconha, ainda ilegal no País:
Em entrevista ao Estadão no ano passado, Cidinha criticou a burocracia para se conseguir os medicamentos.
Segundo ela, cada seringa com o óleo necessário para o tratamento custa US$ 500 – e Clárian necessita de três por mês. “Não temos tempo a perder, as crises não esperam. Se existe uma planta e é possível cultivá-la, não faz sentido não existirem políticas que permitam o cultivo para fins medicinais e pesquisas no Brasil”, disse Maria Aparecida, membro da Associação de Pacientes de Cannabis Medicinal.
Em ampla discussão, o uso medicinal da maconha passa a ser cada vez comum mundo afora. Os potenciais terapêuticos da planta, segundo especialistas, estão ligados a anticonvulsivos, analgésicos, anti-inflamatórios, estimulantes de apetite, antidepressivos, ajudar no tratamento do câncer e diminuir os efeitos colaterais de quimioterapia.
Em matéria do Fantástico há dois anos, a mãe de Clárian ressaltava as mudanças que o extrato feito de maconha trouxe para a família:
“Ela não tinha ânimo nenhum para brincar. E fora isso quando tentávamos levar ela em um parque alguma coisa, ela tinha crises convulsivas porque ela não podia se expor ao sol, ela não podia fazer esforço físico”, conta Maria Aparecida de Carvalho, mãe da Clárian. Desde os primeiros anos de vida, convulsões quase diárias e 17 internações na UTI.
Agora, dois anos depois, o tratamento de Clárian tem a devida proteção legal.