(G1/MT)
A Polícia Civil abriu inquérito para investigar a morte do aluno do curso de formação do Corpo de Bombeiros, Rodrigo Claro, de 21 anos, que morreu depois de participar de uma aula prática, em Cuiabá. De acordo com a delegada Anaíde Barros, da Polícia Civil, devem ser ouvidos durante oitivas nos próximos dias os colegas de curso e a tenente responsável pelas atividades na Lagoa Trevisan, na capital.
O corpo de Rodrigo foi enterrado nesta quinta-feira (17) em Sinop, a 503 km de Cuiabá, onde os avós dele moram.
Aproximadamente 30 alunos participavam do curso e eram supervisionados por cinco coordenadores, entre eles a tenente e um coronel. Todos que estavam no local serão ouvidos, segundo a Polícia Civil. A tenente, responsável peals atividades já foi afastada do cargo que ocupa.
A família do aluno alega que houve tortura e omissão de socorro por parte do Corpo de Bombeiros. Eles também declararam que Rodrigo revelou ter medo de participar das atividades por ser perseguido pela tenente.
Em mensagens enviadas para a mãe no dia em que passou mal, Rodrigo relata que estava com medo de participar das atividades. “Se você não conseguir, passar mal, sei lá. Até eles te pegarem e verem que você não está de corpo mole”, diz a trecho da mensagem.
Colegas do aluno disseram à família que o rapaz foi afogado várias vezes durante o treinamento e que os instrutores o obrigaram a continuar, mesmo com o estado físico debilitado.
O Corpo de Bombeiros também deve abrir um inquérito policial para investigar o que de fato ocorreu no dia da aula prática.
O caso
Rodrigo queixou-se de dor de cabeça durante a realização das aulas. O aluno realizava uma travessia a nado na lagoa e quando chegou à margem informou o instrutor que não conseguiria terminar a aula.
Em seguida, segundo os bombeiros, ele foi liberado e retornou ao batalhão e se apresentou à coordenação do curso para relatar o problema de saúde. O jovem foi encaminhado a uma unidade de saúde e sofreu convulsões.
Nas mensagens enviadas por um aplicativo de telefone, Rodrigo alerta a mãe sobre o que poderia acontecer. “Se você não conseguir, passar mal, sei lá. Até eles te pegarem e verem que você não está de corpo mole”, diz a mensagem.
Horas depois, Rodrigo volta a falar com a mãe e mandou a última mensagem antes de ser internado em coma. “Não consegui. Estou mal. Vou para a coordenação”, diz trecho da mensagem.
Ainda segundo a nota dos bombeiros, o jovem vinha apresentando os mesmos sintomas quando era submetido a esforços físicos. A mãe do rapaz, Jane Patrícia Lima Claro, declarou que o rapaz sempre teve acompanhamento médico, não tinha problemas de saúde e foi aprovado em todas as fases e exigências do concurso para ser bombeiro.
Ela negou que o filho reclamava de dores de cabeça. De acordo com laudo preliminar da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), a causa da morte é indefinida e um novo laudo será emitido no prazo de 15 dias.