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Pelo menos 2.778 mulheres e homens foram estupradas em Mato Grosso em dois anos de 2014 a 2015.
Isso é o mesmo que aproximadamente 4 vítimas por dia (3,8).
Entre 2014 e 2015, o número de registros aumentou em 45%.
Os números sobre violência sexual constam do 10º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que reúne dados levantados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Dados parciais já haviam sido divulgados da pesquisa que agora está totalmente disponibilizada desde esta quinta-feira (3).
O Anuário tem a intenção de traçar o mapa da criminalidade no país e subsidiar possíveis políticas públicas.
A presidente do Conselho Estadual da Mulher, defensora pública Rosana Barros, comenta que esse cenário de estupro na rotina brasileira e mato-grossense é “triste “.
Diz ainda que o pior é que também há subnotificação porque boa parte das mulheres vitimizadas não registrada ocorrência por vergonha.
As mulheres são vítimas preferenciais assim como meninas e meninos menores de 14 anos.
“Os dados são assustadores, porém, segundo o IPEA, não se referem à realidade”, lamenta.
A subnotificação seria altíssima, de 90%. “Apenas 10% chegam ao conhecimento das autoridades. É o delito mais subnotificado do mundo” – realça.
Segundo ela, que é uma das maiores defensoras da Lei Maria da Penha e a Lei do Feminicídio, em Mato Grosso, apesar desse cenário, as mulheres estão “acordando” e reagindo.
“É possível vislumbrar que as mulheres estão começando a acreditar no sistema de justiça e procurando amparo necessário”, comenta.
Avalia que só denunciando “iremos frear esse delito tão grave, que é a pura hierarquia do gênero masculino sobre o feminino”.
No Brasil, mais de cinco pessoas foram estupradas por hora em 2015.
A Polícia registrou 45.460 casos de estupro, sendo 24% deles nas capitais e no Distrito Federal.
Levantamento também feito pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 85% das mulheres têm medo de ser vítima de estupro, contra 46% dos homens.
Mulheres de 16 a 24 anos são as que mais têm medo.
O levantamento “Percepção sobre violência sexual e atendimento a mulheres vítimas nas instituições policiais” aponta que 42% dos homens ainda acham que a roupa ou a conduta das vítimas é que instigam o estuprador.
A conclusão deste levantamento é que, para mudar a realidade, é necessário também mudar “padrões de atitudes sociais, culturais e institucionais”.