(folhamax)
Em depoimento ao Gaeco (Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado), o empresário Giovani Belatto Guizardi explicou que foi responsável por “montar” o esquema de divisão da propina na Secretaria Estadual de Educação (Seduc). Segundo ele, a estratégia era contemplar o poder político, o secretário, o financiador da campanha ao Governo e os demais membros da organização criminosa que se formou dentro da pasta.
O poder político da pasta, segundo o colaborador, era do presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, deputado Guilherme Maluf (PSDB). Ele ficava com 25% do arrecadado pelo grupo.
Os demais membros do alto escalão eram o secretário Permínio Pinto e ainda o empresário Alan Malouf, responsável por doar supostamente R$ 10 milhões à campanha do governador Pedro Taques (PSDB). Eles também recebiam 25% da propina arrecadada.
Os demais membros, segundo Guizardi, eram os ex-servidores Fábio Frigeri e Wander Luiz dos Reis, que recebiam 5% cada. O delator ficava com 10%, enquanto outros 5% eram destinados ao “custeio”, como o aluguel de uma sala comercial no Edifício Avant Garden, no bairro Santa Rosa.
Guizardi, porém, afirmou que não teve nenhum contato ou recebeu qualquer pedido de Maluf. Ele pontuou, porém, quem possui o poder político dentro da secretaria sempre é “contemplado”. “Que incluiu o deputado Guilherme Maluf porque, embora ele não tenha lhe feito essa solicitação, “é assim que funcionava e todo mundo sabe quando tem ilegalidade”, acrescentando o declarante “que para o esquema dar certo tem que agradar a todos”.
Mesmo sem contato direto com o parlamentar tucano, Guizardi detalhou como fazia a entrega da propina, sendo que os valores eram dividididos em dois envelopes. “Em junho ou julho de 2015, num sábado pela manhã, estive no buffet para entregar uma quantia que girava entre R$ 120 mil e R$ 160 mil. Após conversar com Alan, a pedido dele, deixei uma caixa arquivo de papelão no banheiro. Nesta ocasião ele pediu que eu retirasse a parte dele, deixando no banheiro toda a quantia de dinheiro devidamente separada em duas partes”, disse o delator, ao acrecsentar que logo em seguida Maluf chegou ao local acompanhado de seguranças em dois veículos Corolla.
O dono da construtora Dínamo explicou aos promotores que compõem o Gaeco que o esquema já existia na gestão passada, onde era cobra 3% dos contratos de cada empresário. Porém, ele instituitu que cada empresário deveria pagar 5% do contrato recebido na Secretaria de Educação.
A ideia de Guizardi também era reduzir o número de empresários que mantinham contratos com a pasta. Ele declarou que a proposta foi apresentada a Alan Malouf, dono do Buffet Lei Malouf, que ficou receoso em concordar com o esquema, mas acabou aceitando como forma de obter o “retorno” de R4 10 milhões investidos na campanha de Pedro Taques.
Giovani Guizardi prestou colaboração premiada no dia 16 de novembro ao Gaeco. A delação está em processo de homologação pelo Tribunal de Justiça, pois envolve autoridades com prerrogativa de foro naquela corte.
Preso em 3 de maio, quando foi deflagrada a 1ª fase da “Operação Rêmora”, ele é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema criminoso na Secretaria de Educação. Por conta da colaboração, obteve o direito a prisão domiciliar nesta quarta-feira e encontra-se recluso em sua residência, no condomínio Florais dos Lagos.
Ele depõe à Justiça no próximo dia 12 de dezembro, em audiência de instrução na 7ª Vara Criminal de Cuiabá.
OUTRO LADO
O deputado Guilherme Maluf negou qualquer participação em esquemas de corrupção na Secretaria Estadual de Educação. Ele disse que tomará conhecimento das denúncias para, em seguida, adotar as providências cabíveis sobre a citação do seu nome.
Alan Malouf, também por meio de nota, evitou se aprofundar nas declarações de Guizardi. Disse apenas que considera absurda as citações de seu nome e que se coloca a disposição da Justiça para prestar esclarecimentos.
NOTA DE ESCLARECIMENTO (GUILHERME MALUF)
Em relação às publicações nos veículos de comunicação à respeito da colaboração premiada de Giovani Belatto Guizardi, o presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso, Guilherme Maluf (PSDB), afirma que:
Não participou de nenhuma eventual irregularidade cometida na Secretaria de Educação (Seduc).
Tomará as providências cabíveis assim que a sua assessoria jurídica tiver acesso aos autos do processo e teor das denúncias.
Afirma que confia na justiça e que ficará comprovado de que não teve participação em qualquer irregularidade.
NOTA DE ESCLARECIMENTO (ALAN MALOUF)
Em relação às notícias veiculadas nesta quinta-feira (01) referentes ao termo de declaração de Giovani Guizardi que foi encaminhado à imprensa, vimos a público prestar alguns esclarecimentos.
Mesmo ainda não tendo acesso aos autos, é importante ressaltar que Alan Malouf nunca foi líder de nenhuma organização criminosa.
A defesa do empresário vai aguardar ter acesso aos autos para se manifestar de forma transparente, uma vez que considera absurdas as acusações.
Reiteramos, também, que Alan Malouf está à disposição das autoridades competentes para prestar as informações necessárias, acreditando, sempre, na Justiça.
