Novo presidente foi eleito com 89 votos no último domingo (Foto: Associação dos Cornos de Peixoto de Azevedo/ Divulgação)
Com 10 anos de criação, a Associação dos Cornos de Peixoto de Azevedo, a 692 km de Cuiabá, elegeu o novo presidente no último domingo (8). Duzentos e dezessete dos mais de 500 membros da associação foram às urnas. Nessa eleição, vale tudo e praticar 'boca de urna' não é crime. O único critério para se associar é 'ter a sensação de que foi traído”, segundo o idealizador da entidade, Claudimar Ferreira Santana, que é comerciante e professor de dança na cidade.
A eleição que, normalmente, é realizada no 1º dia do ano, foi adiada devido à posse do prefeito da cidade e ao fato de muitos membros da entidade estarem em viagem nesse período.
“Aqui tem boca de urna, não é proibido ter boca de urna. Mas também tem os fiscais, é como uma eleição normal. Tem a urna, cédula de votação e o voto é secreto. Às vezes tem tumulto, mas tudo é diversão”, afirmou Claudimar, mais conhecido como Claudinho Sorriso. Os candidatos são identificados por apelidos.
Quatro candidatos disputaram o cargo de presidente. O mais votado foi um garimpeiro da região. Antônio Martins de Sousa, o Major, como é chamado, recebeu 89 votos. A chapa é formada por presidente e vice-presidente.
Só tem direito ao voto os associados que são casados ou que namorem sério e com mais de 18 anos. No entanto, os que não se encaixam nesses critérios podem se associar, só não podem participar da eleição. “Solteiros não podem votar, mas podem participar, fazer boca de urna”, explicou o idealizador. “Para participar basta ter a sensação de que foi traído”, declarou.
A sede da associação, onde são realizadas as reuniões, normalmente, com churrasco e bebida, funciona na casa de Claudimar.
Os associados se reúnem, principalmente, aos fins de semana, quando, segundo Claudimar, são realizados churrascos. “Aos fins de semana, a gente faz churrasco e assa muitos corações de galinha, de boi, para combinar com a associação”, afirmou.
Claudimar contou que teve a ideia de criar a associação a partir de uma sugestão de um primo, que mora no Maranhão. No início, a maioria dos membros era do sexo feminino, mas, com o passar dos anos, ganhou a adesão de mais homens. Atualmente, cerca de 80 mulheres e mais de 400 homens fazem parte da associação. Até hoje nenhuma mulher foi eleita presidente.
O presidente da associação tem a função de divulgar a entidade, auxiliar os futuros candidatos e participar da organização da próxima eleição. Não é cobrada nenhuma anuidade dos membros.
Bem-humorado, o idealizador explica que há vários tipos de cornos. “Tem o corno elétrico, que só leva o susto quando descobre e depois vai se acostumando. Também tem o corno marimbondo, que morre queimado, mas não abandona a casa. Tem vários tipos de cornos”, afirmou.
Claudimar nunca foi casado e sua última namorada o abandonou. “Ainda não tive a sorte de me casar. A última me deu um pé na bunda. Mas estou à procura de uma mulher para me relacionar”, contou.
Ele nasceu no Maranhão e se mudou para Mato Grosso com os pais há 35 anos quando tinha poucos meses de nascido. Os pais foram atraídos para Peixoto de Azevedo pela quantidade de ouro encontrada na região àquela época. Muitos parentes também se mudaram para o município.
“Em Peixoto de Azevedo, mais de 80% dos moradores são nordestinos”, disse.
(G1 MT)