Bortolin critica pacto ambiental por prejudicar municípios amazônicos e defende ampliação da malha ferroviária para destravar o escoamento agrícola no Norte de Mato Grosso
Em discurso na Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) nesta terça-feira (22), o presidente da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), Leonardo Bortolin (MDB), criticou a Moratória da Soja, pacto ambiental que proíbe a compra de soja oriunda de áreas desmatadas na Amazônia. Segundo Bortolin em entrevista ao RD News, a medida, embora se apresente como uma iniciativa ambiental, serve como uma “estratégia de domínio de mercado”.

Bortolin destacou que 98 municípios de Mato Grosso possuem parte de seu território no bioma amazônico e que a moratória impede o desenvolvimento econômico dessas regiões. Ele citou como exemplo as cidades de Carlinda e Alta Floresta, localizadas no Norte do estado, que migraram da pecuária para a lavoura e agora enfrentam restrições para comercializar soja. “A Moratória da Soja, na verdade, ela se fantasia de uma bandeira ambiental, mas ela, nada mais é, do que uma estratégia para domínio de mercado (…) você estaria impedindo, muito antes do que uma defesa do agro, a vida econômica desses municípios”, afirmou.
O Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT) anunciou uma auditoria sobre incentivos fiscais destinados às empresas que atuam no estado, após um pedido protocolado por 127 Câmaras Municipais. Essas câmaras apontaram que os acordos prejudicam o desenvolvimento dos municípios e impedem a circulação de bilhões de reais na economia mato-grossense, aprofundando as desigualdades regionais.
Além disso, lideranças de entidades ligadas ao agronegócio solicitaram ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) o fim da moratória, alegando que a medida é “parecida com um cartel”, prejudicando agricultores que cumprem o código florestal do país.
Bortolin também mencionou a necessidade de “superar algumas questões, até mesmo de âmbito ambiental”, para a implementação da Ferrogrão, projeto de ferrovia para ligar Sinop a Miritituba (PA). Ele destacou o apoio do senador Wellington Fagundes (PL) e do governador Mauro Mendes (União Brasil) ao projeto, que visa melhorar a logística para o escoamento da produção agrícola. Bortolin ressaltou a importância da logística ferroviária, citando o traçado da Ferronorte — que liga o terminal ferroviário de Rondonópolis à Malha Paulista em Santa Fé do Sul (SP) — como um eixo intermodal fundamental.
“O Brasil é altamente atrasado. Nós temos pouco mais de 10% da malha ferroviária americana. Nós temos que superar algumas questões até mesmo de âmbito ambiental e outros percalços”, afirmou Bortolin.
O projeto da Ferrogrão, com 933 km de extensão, visa consolidar um novo corredor ferroviário de exportação do Brasil pelo Arco Norte, conectando a região produtora de grãos do Centro-Oeste ao estado do Pará, desembocando no Porto de Miritituba.
A discussão sobre a Moratória da Soja e a necessidade de melhorias na infraestrutura logística refletem os desafios enfrentados pelos municípios mato-grossenses na busca por desenvolvimento econômico sustentável e equitativo.