(G1/MT)
A Operação Theatrum, deflagrada nesta terça-feira (18) pela Polícia Federal, tem entre os alvos de mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva dois prefeitos, três vereadores, um vice-prefeito e um deputado estadual de Mato Grosso. Foram cumpridos mandados em Cuiabá,Sinop, Diamantino, Ipiranga do Norte e Itanhangá.
A operação foi deflagrada para investigar um suposto esquema de corrupção envolvendo servidores do Instituto de Colonização e Reforma Agrária, fazendeiros e políticos de Mato Grosso. Os crimes ocorreriam na 'compra' da fiscalização do Incra feita no assentamentoTapurah/Itanhangá, com resultados acertados previamente.
Na capital mato-grossense, foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa do deputado Dilmar Dal'Bosco (DEM). Na ocasião, ele já foi intimado a depor na sede da Polícia Federal. Ele chegou ao prédio da PF por volta das 11h para ser ouvido, informou a assessoria da instituição.
Também devem ser cumpridos mandados em Planaltinha (DF), Guaíra (PR) e Belo Horizonte (MG). As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região. O inquérito tramita no TRF-1 porque três investigados têm foro privilegiado.
Investigação
Cada lote do assentamento seria vendido por R$ 2 milhões, apontam as investigações da PF. No total, a área tem 1.149 lotes com aproximadamente 100 hectares cada. A polícia suspeita que a supervisão ocupacional do projeto de assentamento, iniciada em 2015 e finalizada em 2016, tenha sido feita de forma fraudulenta para validar ocupações irregulares.
Conforme as investigações, em setembro de 2015 políticos, fazendeiros e representantes dos assentados fizeram uma reunião com o Incra em Brasília para fazer uma supervisão ocupacional no projeto do assentamento. Eles pediram ainda a substituição do servidor que já estava indicado para coordenar os trabalhos.
A ideia da quadrilha com a fiscalização fraudulenta seria que assentados 'laranjas' conseguissem transferir formalmente a propriedade do imóvel para fazendeiros que haviam comprado de forma ilegal.
Entre as supostas irregularidades apontadas em denúncias feitas à PF estavam o tratamento diferenciado de servidor do Incra para com autoridades e fazendeiros locais e a divulgação da data de fiscalização dos lotes do assentamento.
Com essa divulgação, os fazendeiros convocavam os 'laranjas' para comparecer no lote na data marcada para a fiscalização, pagando as despesas de viagem e dando outras vantagens. Segundo a PF, muitos desses 'laranjas' são beneficiários dos lotes do Incra. Depois de venderem a parcela, eles se mudam da região mas continuaram mantendo seus nomes como ocupantes da área, aponta a Polícia Federal.